“E as cana, as mays façonhosas que e mynha vida vi. Poque çertifiquo a v.a. que há quá muytas canas tam grandes que nynhum home em pé aleuãtando a mão lhe pode alcamçar. E pela mor parte sam todas taes.”
No século XV, o açúcar era considerado uma especiaria nova e de alto preço, consumida pela nobreza europeia. A cana-de-açúcar foi levada para a costa oriental do mediterrâneo pelos mouros. Os portugueses, que teriam conhecido a cultura da cana e assimilado a produção do açúcar na Sicília, introduziram-na na ilha da Madeira em 1420 e só no ano de 1501 foi introduzida em S.Tomé. Representava a principal fonte de rendimento na ilha e foi consequentemente rotulada como a primeira economia de plantação no continente africano.
Posteriormente essa cultura é introduzida no Brasil e nas Caraíbas, onde a mão-de-obra era importada do continente africano, de países como Benin (Delta do Níger), Gabão, reino do Congo e da Angola.
Os engenhos dependiam normalmente de vá- rios factores para a sua localização, tal como a proximidade de água corrente e inextinguível (a água era a melhor fonte de energia e, em São. Tomé, era abundante devido à sua costa, que era marcada por muitos pântanos e ribeiras) e à proximidade das matas, pois delas se extraía a lenha, o combustível das fornadas dos engenhos.
O engenho, célula base de todo o sistema produtivo, não significa só o moinho onde se pro- cessavam as várias fases da produção do açúcar. Compunha-se, para além disso, de um conjunto complexo de construções, espaços e homens indispensáveis ao próprio processo de produção. Integrava-o o moinho, elemento central, as casas de madeira do proprietário e dos mestres do açúcar, situadas à volta do moinho; as habitações dos escravos, mais afastadas, na orla da floresta circundante, rodeadas de uma pequena horta; os edifícios necessários ao fabrico e à armazenagem do açúcar e a outras actividades indispensáveis à vida da população e, ainda, as plantações de cana sacarina situadas nos campos mais férteis e melhor irrigados.
Formam-se “domínios”, no interior dos quais se articulava um duplo sistema: por um lado, uma produção agrícola destinada à subsistência da mão-de-obra escrava e ao aprovisionamento dos navios e, por outro, a monocultura da cana e o fabrico do açúcar. As várias concessões ou “sesmarias” e algumas cartas de alforia que, ao longo do século XVI, foram sendo produzidas pelos portugueses, ajudam o fabrico destes domínios.
Em 1517, havia apenas dois engenhos de açúcar; em 1529, a ilha produzia 75 toneladas (500 arrobas) de açúcar e, entre 1534 e 1541, a produção anual alcançara 2250 toneladas (150 000 arrobas), que era o mesmo produzido na Madeira, conforme o relatório de um piloto português anónimo feito a pedido do humanista italiano Girolamo Frascator. De 1578 a 1582, a produção anual de açúcar atingiu a cifra de 12 000 toneladas (800 000 arrobas). Tal aumento de produção deveu-se ao desenvolvimento do comércio de escravos que aumentava assim a mão-de-obra na ilha que já rondavam os 10 000 escravos, 600 a 700 famílias e notava-se também no aumento de engenhos que rondava 60 engenhos de açúcar; os canaviais estendiam-se pelo norte e nordeste da ilha, fazendo lembrar, segundo um testemunho de 1580, os campos alentejanos . Segundo o itinerário de Jerônimo Münzer, de 1494, “ as canas crescem três vezes mais que na ilha da Madeira e produzem bom açúcar.” Mas convêm frisar que a qualidade do açúcar produzido em S.tomé era inferior ao da ilha da Madeira, devido o seu alto grau de humidade. Um dos factos que contribuiu para que ele se tornasse concorrencial do madeirense foi a elevada produtividade. A partir do último quarto do século XVI a concorrência desenfreada do açúcar brasileiro definiu uma acentuada quebra no período de 1595 a 1600. A isto deverá juntar-se a revolta dos escravos comandados por Amador (1595), agravada pela destruição dos engenhos provocada pelo saque holandês.
Com o estatuto de maior produtor e fornece-dor de açúcar para Europa, a ilha chamou atenção de muitos comerciantes portugueses, castelhanos, franceses e genoveses, e foi alvo de cobiça de corsários e piratas de várias potências como a Holanda, França e Inglaterra.
Os franceses em 1567 atacaram e pilharam a cidade, os holandeses em finais de 1598 também ocuparam as ilhas e destruíram quase tudo “as igrejas desta cidade ficaram todas abrasadas e postas por terra pelos inimigos dos estados alevantados da Alemanha baixa (Países Baixos), os quais profanaram os templos, queimaram as imagens e roubaram a mor parte da prata, finalmente não deixaram em toda a cidade casa nenhuma em pé” .
Mas a ocupação da ilha por parte dos holandeses durou apenas quatro meses devido ao clima, as doenças e as lutas por ali travadas. Mas voltaram a ocupar a ilha em finais 1599 e em 1641, onde ocuparam o porto e a fortaleza São Sebastião e assim passaram a controlar o comércio do açúcar e de escravos.
Posteriormente essa cultura é introduzida no Brasil e nas Caraíbas, onde a mão-de-obra era importada do continente africano, de países como Benin (Delta do Níger), Gabão, reino do Congo e da Angola.
Os engenhos dependiam normalmente de vá- rios factores para a sua localização, tal como a proximidade de água corrente e inextinguível (a água era a melhor fonte de energia e, em São. Tomé, era abundante devido à sua costa, que era marcada por muitos pântanos e ribeiras) e à proximidade das matas, pois delas se extraía a lenha, o combustível das fornadas dos engenhos.
O engenho, célula base de todo o sistema produtivo, não significa só o moinho onde se pro- cessavam as várias fases da produção do açúcar. Compunha-se, para além disso, de um conjunto complexo de construções, espaços e homens indispensáveis ao próprio processo de produção. Integrava-o o moinho, elemento central, as casas de madeira do proprietário e dos mestres do açúcar, situadas à volta do moinho; as habitações dos escravos, mais afastadas, na orla da floresta circundante, rodeadas de uma pequena horta; os edifícios necessários ao fabrico e à armazenagem do açúcar e a outras actividades indispensáveis à vida da população e, ainda, as plantações de cana sacarina situadas nos campos mais férteis e melhor irrigados.
Formam-se “domínios”, no interior dos quais se articulava um duplo sistema: por um lado, uma produção agrícola destinada à subsistência da mão-de-obra escrava e ao aprovisionamento dos navios e, por outro, a monocultura da cana e o fabrico do açúcar. As várias concessões ou “sesmarias” e algumas cartas de alforia que, ao longo do século XVI, foram sendo produzidas pelos portugueses, ajudam o fabrico destes domínios.
Em 1517, havia apenas dois engenhos de açúcar; em 1529, a ilha produzia 75 toneladas (500 arrobas) de açúcar e, entre 1534 e 1541, a produção anual alcançara 2250 toneladas (150 000 arrobas), que era o mesmo produzido na Madeira, conforme o relatório de um piloto português anónimo feito a pedido do humanista italiano Girolamo Frascator. De 1578 a 1582, a produção anual de açúcar atingiu a cifra de 12 000 toneladas (800 000 arrobas). Tal aumento de produção deveu-se ao desenvolvimento do comércio de escravos que aumentava assim a mão-de-obra na ilha que já rondavam os 10 000 escravos, 600 a 700 famílias e notava-se também no aumento de engenhos que rondava 60 engenhos de açúcar; os canaviais estendiam-se pelo norte e nordeste da ilha, fazendo lembrar, segundo um testemunho de 1580, os campos alentejanos . Segundo o itinerário de Jerônimo Münzer, de 1494, “ as canas crescem três vezes mais que na ilha da Madeira e produzem bom açúcar.” Mas convêm frisar que a qualidade do açúcar produzido em S.tomé era inferior ao da ilha da Madeira, devido o seu alto grau de humidade. Um dos factos que contribuiu para que ele se tornasse concorrencial do madeirense foi a elevada produtividade. A partir do último quarto do século XVI a concorrência desenfreada do açúcar brasileiro definiu uma acentuada quebra no período de 1595 a 1600. A isto deverá juntar-se a revolta dos escravos comandados por Amador (1595), agravada pela destruição dos engenhos provocada pelo saque holandês.
Com o estatuto de maior produtor e fornece-dor de açúcar para Europa, a ilha chamou atenção de muitos comerciantes portugueses, castelhanos, franceses e genoveses, e foi alvo de cobiça de corsários e piratas de várias potências como a Holanda, França e Inglaterra.
Os franceses em 1567 atacaram e pilharam a cidade, os holandeses em finais de 1598 também ocuparam as ilhas e destruíram quase tudo “as igrejas desta cidade ficaram todas abrasadas e postas por terra pelos inimigos dos estados alevantados da Alemanha baixa (Países Baixos), os quais profanaram os templos, queimaram as imagens e roubaram a mor parte da prata, finalmente não deixaram em toda a cidade casa nenhuma em pé” .
Mas a ocupação da ilha por parte dos holandeses durou apenas quatro meses devido ao clima, as doenças e as lutas por ali travadas. Mas voltaram a ocupar a ilha em finais 1599 e em 1641, onde ocuparam o porto e a fortaleza São Sebastião e assim passaram a controlar o comércio do açúcar e de escravos.
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ResponderEliminarporque?
Eliminarola meu nom é Vitoria e gostei muito disso.
ResponderEliminarSera que podes fazer sobre por exemplo:
o ciclo do cacau
o ciclo do café
e as roças e as suas origens ??
O nosso professor nos deu um trabalho de grupo , que é para realizar um livro sobre as atividades economicas em Sao Tomé e Principe desde do século XVI até a atualidade.
Se voce sabe alguma coisa é so responder , é para entregar na proxima semana de junho.
OBRIGADA se voce tem algumas informaçoes é so enviar .
Vou receber .
OBRIGADA.