segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O HOSPITAL,OS SECADORES,O ARMAZÉM E O CAMINHO-DE-FERRO


O HOSPITAL


A adopção de um hospital vem colmatar a falta de serviços médicos propícios as necessidades da roça, apesar de haver postos médicos nas vilas próximas e ganham maior importância com a vinda dos serviçais para as roças onde muitos chegavam completamente debilitados devido as longas viagens. Vem acentuar também, a autonomia dessas propriedades em relação a administração colonial.

Enfermaria do hospital da roça Agua izé

O hospital era, regra geral, o edifício de maior destaque na maioria das roças, quer pelo seu tamanho, quer pela sua localização, situando-se no ponto mais alto da roça, onde supostamente estaria a casa-grande.

Hospital da Roça Boa Entrada

A sua configuração varia consoante a roça, mas ele assenta no terreno sobre um embasamento vazado, com arcos a 1 metro do solo por razões de saúde e higiene, preocupação que é bem evidente com a abertura de amplas e inúmeras janelas, bem como a adopção de um lanternim na cobertura, como acontece nas senzalas, o que leva a justificar a sua localização no ponto alto da roça com a necessidade de o respectivo espaço interior se manter inundado de sol e ventilação.

Planta do hospital da roça Santa Margarida

A adopção de um hospital vem colmatar a falta de serviços médicos propícios as necessidades da roça, apesar de haver postos médicos nas vilas próximas e ganham maior importância com a vinda dos serviçais para as roças onde muitos chegavam completamente debilitados devido as longas viagens. Vem acentuar também, a autonomia dessas propriedades em relação a administração colonial.

Organização do hospital da roça Diogo Vaz



O hospital era, regra geral, o edifício de maior destaque na maioria das roças, quer pelo seu tamanho, quer pela sua localização, situando-se no ponto mais alto da roça, onde supostamente estaria a casa-grande.

Esquema de ventilação no interior dos hospitais

Enfermaria do hospital da roça Agua izé

A sua configuração varia consoante a roça, mas ele assenta no terreno sobre um embasamento vazado, com arcos a 1 metro do solo por razões de saúde e higiene, preocupação que é bem evidente com a abertura de amplas e inúmeras janelas, bem como a adopção de um lanternim na cobertura, como acontece nas senzalas, o que leva a justificar a sua localização no ponto alto da roça com a necessidade de o respectivo espaço interior se manter inundado de sol e ventilação.


OS SECADORES


Situam-se, regra geral, perto do terreiro, onde normalmente era posto o cacau ao sol, utilizando coberturas deslizantes que protegiam o cacau da chuva ou utilizando tabuleiros sobre carris, que se assemelhavam a grandes gavetões.

Secador em gavetas da roça Agostinho Neto/Rio do Ouro

Secador com cobertura deslizante da roça Fernão Dias dependência da Agostinho Neto/Rio do Ouro

O outro modo mais simples consistia na estufa, que é um tabuleiro forrados de grandes ladrilhos de lousa, com 15 a 20 metros de comprimento e 7 de largura, por debaixo do qual passavam condutas aquecidas por um forno de lenha.

Secador de Lousa, Roça Boa Vista

São normalmente edifícios longos em madeira, de duas águas, com ventilação superior ou transversal, o que possibilitava melhor qualidade do cacau, reduzindo-se assim o cheiro de fumo nas sementes do cacau. Esse processo de secagem era maioritariamente efectuado por mulheres ou por homens, por qualquer circunstância impossibilitados para o trabalho longo no mato. Houve ainda um outro método de secagem, o do secador mecânico, introduzido nos finais do século XIX, mas sem muita aceitação no seio dos roceiros, que consistia na rodagem constante do cacau dentro de grandes fornalhas.

Secador Mecânico de cacau da roça Agua-izé





O ARMAZÉM


Interior do armazém de recolha de cacau da roça Agostinho Neto/Rio do Ouro

O despojamento decorativo e a ausência de uma perceptível intenção plástica são as características formais dos edifícios destinados ao armazenamento nas roças.
Os materiais de construção utilizados são: tijolos, para os pilares e para as paredes; madeira, para a estrutura da cobertura em madeira, apesar de existirem casos em que já se usava estrutura metálica (Água Izé) e telhas do tipo canal, de barro, para o recobrimento. O piso, era lajeado ou em tijolo burro.


O CAMINHO-DE-FERRO



Locomotiva da roça Monte Café

Na segunda metade do século XIX, na tentativa de retirar maiores dividendos no comércio do cacau, que na altura ainda estava em alta, foi estabelecido um “plano estratégico” de escoamento dos seus produtos, que era feito exclusivamente por via rodoviária. Posteriormente, foram adicionadas as vias ferroviária e marítima, criando-se assim uma rede viária mais dinâmica e sistematizada que ligava as roças ao porto da cidade.

Carro do Mestre, Roça Água Izé

O escoamento por via-férrea foi o mais marcante, com cerca de 1500 quilómetros de linha férrea, a maior parte da qual em sistema Decauville(É um sistema de caminho-de-ferro de via estreita que ficou conhecido pelo nome do inventor Paul Decauville (1846-1922).
A via é formada apenas por elementos metálicos pré-fabricados, que podem ser facilmente desmontados, transportados e reutilizados. A preparação da plataforma e a colocação da via requerem pouco trabalho)importado da Alemanha, através da firma Orenstein e Koppel ao preço inicial de um conto de reis por quilómetros.

Propaganda das locomotivas a vapor

A rede ferroviária que era dividida por agrupamentos em que o primeiro ligava o distrito de Agua Grande (a cidade) aos distritos de Mé-Zochi(Trindade/Monte Café) e Lobata (Guadalupe/Agostinho Neto).O segundo agrupamento ligava as roças do distrito de Lobata (Agostinho Neto) e as suas dependências às roças do distrito de Mé-Zochi (Monte Café);o terceiro agrupamento fazia ligação entre Lobata (Guadalupe/Agostinho Neto) ao distrito de Lemba (Neves); o quarto ligava a roça Monte forte e Diogo Vaz; o quinto que engloba a vila de Santa Catarina.O sexto que terminava o seu percurso na Roça Bindá, iniciava-se na parte sul da ilha, na roça Jou, e culminava na roça Porto Alegre; o sétimo ligava Porto Alegre às roças Perseverança e Dona Augusta; o oitavo ligava a vila dos Angolares à roça Agua Izé; a nona ligava esta à vila de Santana e a última era a ligação desta vila à cidade capital.

Marcação da rede ferroviária da ilha

A via-férrea no interior da roça podia atingir cerca de 30 quilómetros/hora, sendo que a locomotiva a vapor privada ou “muares”, como eram chamadas na época, faziam a ligação entre as dependências através de traçados serpenteantes, sinuosos e difíceis, para transportarem o cacau para a sede da roça. Uma vez ali, o cacau seria encaminhado para as estações de secagem, partindo dali para o cais privado (que nem sempre estava na roça sede), onde o cacau é transposto para pequenas embarcações pertencentes à roça, que o levavam para o porto de cidade São Tomé e, dali, directamente para os grandes navios transatlânticos .

Locomotivas da roça Uba Budo

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