A roça Água-Izé (Praia-Rei) localiza-se no centro /litoral da ilha, a 13 quilómetros da capital, no actual distrito de Cantagalo, perto da cidade de Santana e foi comprada por João Maria de Sousa Almeida , em hasta pública, em conjunto com a roça Castelo do Sul, por 2000 réis cada. Estes terrenos pertenciam anteriormente a uma capela instituída por Gaspar de Araújo de Sousa, na igreja do extinto Convento dos Bentos, em Lisboa, capela de que foi último administrador António José de Almeida Velho de Lencastre Carvalho da Fonseca Camões, Visconde de Vila Nova de Souto d´El-Rei.Começou a ser explorada em 1855.
Em 1884, o Banco Nacional Ultramarino tomou posse da roça devido às dívidas contraídas ao mesmo banco, tendo vindo posteriormente a pertencer à Companhia União Fabril (CUF).
A roça, que ocupa 12 quilómetros da orla costeira, ocupava uma área de 80 quilómetros quadra dos, da qual 4.800 hectares compreendiam a parte cultivada e 1.800 hectares eram ocupados pelas diferentes edificações.
Primeiro Conde e General de Brigada Claudino Augusto Carneiro de Souza e Faro.
A roça viria a ter vários administradores, dos quais o 1º Conde de Sousa e Faro, Claudino Augusto Carneiro de Sousa e Faro, seu administrador desde Março de 1895 e, a partir de 1915, o seu filho mais velho, Bernardo de Souza e Faro, que foi durante vários anos funcionário superior da Companhia da Ilha do Príncipe.
IMPLANTAÇÃO
A roça implanta-se num terreno com ligeiro declive, onde os diversos edifícios assentam em anfiteatro, tendo a baía como pano de fundo. É atravessada pela estrada nacional número 2, que anteriormente servia a linha férrea, e que exclui do conjunto os antigos armazéns.
A disposição dos diferentes edifícios sugere uma pequena cidade com uma malha ortogonal, dispondo de uma hierarquia de funções, que se inicia na entrada com a casa grande e vai subindo com a casa do feitor, as casas do trabalhadores brancos e termina na fileira das senzalas.
O hospital, que na sua fachada obedece às características típicas dessas infra-estruturas (um corpo longo suspenso por arcadas, dividido por outro de dois pisos, que faz de charneira entre as alas), é servido no primeiro piso por uma esbelta escadaria que dá acesso a um hall, dispondo de uma escadaria que conduz ao piso superior.
Segue-se um corredor, que dá acesso à secretaria, à sala dos curativos, à farmácia e ao laboratório. No piso superior deste mesmo corpo, funcionava a enfermaria dos trabalhadores brancos, que era composta por quartos, casa de banho, sala de jantar, uma enfermaria e um excelente enquadramento visual para o mar, a partir do terraço.
Dado o número elevado de trabalhadores (2500 serviçais angolanos e 50 empregados europeus) existente na roça, foi necessário acrescentar mais três alas, somando-se ao todo cinco alas, que são rematadas no topo por casas de banho com cobertura em estrutura metálica, cobertas por telhas marselha. Dispõem-se de forma radial e funcionavam como enfermarias, com excepção da ala perpendicular à fachada, que tinha dois gabinetes de enfermagem (masculino e feminino), o gabinete do médico e a sala de operações.
Segundo os habitantes da roça, o primeiro hospital era o corpo que se encontra mais distante do núcleo central da roça, que se supõe ter sido construído em 1914 enquanto que o que se encontra mais próximo foi provavelmente em 1928.
No piso superior com a estrutura horizontal em madeira com uma sub-estrutura de fixação do tecto falso do piso inferior, onde a fachada principal é servida por uma varanda que corre toda a fachada e o topo Este (virado ao secador) e que dá acesso a diferente espaços da casa que de forma curiosa estão pintados com cores diferentes.
Mas o elemento que marca o edifício é o gaveto redondo no outro extremo da casa que anterior mente era completamente encerado.
A casa tinha vários acessos quer pela fachada principal, quer traseiras e pelos topos, pois é um dos topos que é marcado por um passadiço superior que dá acesso ao espaço que apelido de terreiro religioso, o qual serve a capela da Nossa Senhora de Fátima (construída pelo administrador João Amaro) , a creche, a casa do medico e a casa grande.
Nota-se a ausência de uma área de concentração e de formatura laboral onde o roceiro dirige os serviçais, como acontece noutras roças, mas de acordo com as fotos antigas, tal ocorria à frente da casa grande, perto da antiga linha férrea.
A linha férrea possuía carruagens de produção e de lazer que percorriam as várias dependências (Santo António, Quimpo, Francisco Mantero, Mato Cana, Anselmo Andrade, Claudino Faro, Bernardo Faro, Monte Belo e Ponta das Palmeiras).
No extremo leste localiza-se toda a maquinaria laboral da roça, composta por armazéns de cacau e copra, as estufas, a fábrica de óleo de palma, a garagem, a cocheira, a central eléctrica e as oficinas de fundição, marcenaria, serralharia e tornos.
Em 1884, o Banco Nacional Ultramarino tomou posse da roça devido às dívidas contraídas ao mesmo banco, tendo vindo posteriormente a pertencer à Companhia União Fabril (CUF).
A roça, que ocupa 12 quilómetros da orla costeira, ocupava uma área de 80 quilómetros quadra dos, da qual 4.800 hectares compreendiam a parte cultivada e 1.800 hectares eram ocupados pelas diferentes edificações.
Primeiro Conde e General de Brigada Claudino Augusto Carneiro de Souza e Faro.
A roça viria a ter vários administradores, dos quais o 1º Conde de Sousa e Faro, Claudino Augusto Carneiro de Sousa e Faro, seu administrador desde Março de 1895 e, a partir de 1915, o seu filho mais velho, Bernardo de Souza e Faro, que foi durante vários anos funcionário superior da Companhia da Ilha do Príncipe.
IMPLANTAÇÃO
A roça implanta-se num terreno com ligeiro declive, onde os diversos edifícios assentam em anfiteatro, tendo a baía como pano de fundo. É atravessada pela estrada nacional número 2, que anteriormente servia a linha férrea, e que exclui do conjunto os antigos armazéns.
A disposição dos diferentes edifícios sugere uma pequena cidade com uma malha ortogonal, dispondo de uma hierarquia de funções, que se inicia na entrada com a casa grande e vai subindo com a casa do feitor, as casas do trabalhadores brancos e termina na fileira das senzalas.
Uma das ruas da roça
Casa do feitor e do chefe de escritórios
Antigas casas dos trabalhadores brancos casados
Uma rua da roça
Antigas casas dos trabalhadores brancos solteiros
A senzala
A senzala
Nota-se também uma clara preocupação de separação das classes sociais, como ocorre, por exemplo, com a colocação da fileira com casas dos trabalhadores brancos casados entre as casas dos trabalhadores brancos solteiros e as senzalas, de modo a evitar o “típico” contacto entre essas duas classes.
Casa do feitor e do chefe de escritórios
Antigas casas dos trabalhadores brancos casados
Uma rua da roça
Antigas casas dos trabalhadores brancos solteiros
A senzala
A senzala
No caso da roça Água Izé, o hospital situa-se na cota mais alta, mas está fora da estrutura da roça, constituindo dois corpos que assumem uma forma invulgar relativamente às demais roças existentes na ilha.O primeiro Hospital da roça construído possivelmente em 1914
O hospital, que na sua fachada obedece às características típicas dessas infra-estruturas (um corpo longo suspenso por arcadas, dividido por outro de dois pisos, que faz de charneira entre as alas), é servido no primeiro piso por uma esbelta escadaria que dá acesso a um hall, dispondo de uma escadaria que conduz ao piso superior.
Planta do hospital da roça Agua Izé
Segue-se um corredor, que dá acesso à secretaria, à sala dos curativos, à farmácia e ao laboratório. No piso superior deste mesmo corpo, funcionava a enfermaria dos trabalhadores brancos, que era composta por quartos, casa de banho, sala de jantar, uma enfermaria e um excelente enquadramento visual para o mar, a partir do terraço.
Dado o número elevado de trabalhadores (2500 serviçais angolanos e 50 empregados europeus) existente na roça, foi necessário acrescentar mais três alas, somando-se ao todo cinco alas, que são rematadas no topo por casas de banho com cobertura em estrutura metálica, cobertas por telhas marselha. Dispõem-se de forma radial e funcionavam como enfermarias, com excepção da ala perpendicular à fachada, que tinha dois gabinetes de enfermagem (masculino e feminino), o gabinete do médico e a sala de operações.
A comunicação entre as alas é feita através de dois corredores: o primeiro, um corredor em semicírculo, que contorna o corpo central (o mesmo acontece na cobertura) e faz ligação com todas as alas e o segundo, que faz ligação directa entre o corpo central e a ala do gabinete do médico.
Segundo os habitantes da roça, o primeiro hospital era o corpo que se encontra mais distante do núcleo central da roça, que se supõe ter sido construído em 1914 enquanto que o que se encontra mais próximo foi provavelmente em 1928.
A casa grande situa-se na cota mais baixa do terreno e está totalmente virada para o mar e muito próxima da estrada nacional A casa é de dois pisos, com estrutura em alvenaria, sendo o primeiro deles, na fachada principal, marcado por uma galeria com vários pilares estreitos e vários acessos aos escritórios e ao interior da casa.A fachada principal da casa grande
A galeria do rés-do-chão da fachada da casa
No piso superior com a estrutura horizontal em madeira com uma sub-estrutura de fixação do tecto falso do piso inferior, onde a fachada principal é servida por uma varanda que corre toda a fachada e o topo Este (virado ao secador) e que dá acesso a diferente espaços da casa que de forma curiosa estão pintados com cores diferentes.
Mas o elemento que marca o edifício é o gaveto redondo no outro extremo da casa que anterior mente era completamente encerado.
A casa tinha vários acessos quer pela fachada principal, quer traseiras e pelos topos, pois é um dos topos que é marcado por um passadiço superior que dá acesso ao espaço que apelido de terreiro religioso, o qual serve a capela da Nossa Senhora de Fátima (construída pelo administrador João Amaro) , a creche, a casa do medico e a casa grande.
Nota-se a ausência de uma área de concentração e de formatura laboral onde o roceiro dirige os serviçais, como acontece noutras roças, mas de acordo com as fotos antigas, tal ocorria à frente da casa grande, perto da antiga linha férrea.
A linha férrea possuía carruagens de produção e de lazer que percorriam as várias dependências (Santo António, Quimpo, Francisco Mantero, Mato Cana, Anselmo Andrade, Claudino Faro, Bernardo Faro, Monte Belo e Ponta das Palmeiras).
No extremo leste localiza-se toda a maquinaria laboral da roça, composta por armazéns de cacau e copra, as estufas, a fábrica de óleo de palma, a garagem, a cocheira, a central eléctrica e as oficinas de fundição, marcenaria, serralharia e tornos.
No interior da fabrica de Óleo de Palma, Roça Agua-Ize
Muito obrigado por as fotos de Roça Izé
ResponderEliminarTal vez algum día será possivel para mim visitar a Isla.
Miguel A. Simón Fernández (tataraneto de Bernardo Claudino CArneiro Sousa e Faro)
Sou descendente do Conde Souza e Faro mas não conheço a Roça - obrigado pelo seu trabalho que me ilustrou algumas (vagas) ideias que tinha.
ResponderEliminarMarta de Sousa e Faro Rosado da Fonseca Vieira
Miguel, a tua Avó chama-se Maria do Rosário (Sousa e Faro)? Mantemos o contacto!
ResponderEliminarNeco Bragança, obrigado pela recordação!
ResponderEliminarSerá que o destino dessa roça não poderia ser uma das melhores unidades hoteleiras de S. Tomé?!
Efectivamente, a soy o neto mais velho de María del Rosario (Carneiro) Sousa e Faro Sanjurjo. Ten muito interés em visitar Sao Tomé um día de estos.
ResponderEliminarEstive lá na semana passada. É uma pena, a degradação continua! Tem potencialidades enormes, mas exige investimento considerável.
ResponderEliminarExcelente trabalho sobre a Roça de Água Izé construída por João Maria de Sousa e Almeida, meu trisavô.
ResponderEliminarObrigado pela descrição sobre a Roça.
São imagens maravilhosas
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